O e-commerce regressa aos níveis da pandemia

O Barómetro E-Shopper 2025, promovido pela Geopost, confirma que o número de compradores online regressou aos níveis da pandemia, acompanhando a tendência europeia. Mas revela também um consumidor mais atento, mais informado e menos complacente com falhas ao longo da jornada digital .

O crescimento existe, mas já não se faz por inércia. Faz-se por detalhe, transparência e capacidade de adaptação.

Mais compradores, mais categorias — e uma lógica cada vez mais racional

Os compradores online regulares em Portugal compram hoje, em média, 5,6 categorias de produtos, com destaque para moda, beleza e saúde. A variedade passou a ser um argumento quase tão valorizado como o preço. Comprar online continua a significar poupar tempo, reduzir stress e aceder a mais oferta, mas o estudo mostra uma evolução clara: o consumidor português compara mais, avalia mais critérios e decide com maior racionalidade do que em anos anteriores .

Apesar disso, o preço mantém-se o principal motor de decisão. Poupar dinheiro e encontrar boas oportunidades continuam a pesar mais do que preocupações ambientais — um dado relevante para marcas que comunicam sustentabilidade sem resolver primeiro a equação económica.

A experiência é positiva, mas as expectativas subiram

Quase 8 em cada 10 consumidores estão satisfeitos com a sua última experiência de compra online. O processo é percecionado como simples, e a facilidade de compra está acima da média europeia. Ainda assim, o estudo deixa um aviso claro: a fasquia subiu .

O acesso fácil ao apoio ao cliente é hoje considerado fundamental por mais de 80% dos compradores. O email continua a ser o canal preferido, mas o chatbot ganha terreno, sobretudo entre os públicos mais jovens. Não se trata apenas de resolver problemas, mas de transmitir confiança antes, durante e após a compra.

Entrega: menos promessas vagas, mais previsibilidade

Se há um território onde o consumidor português se tornou especialmente exigente, é o da entrega. Informação em tempo real, possibilidade de escolher o local e o momento da receção e conhecer a empresa responsável pelo transporte são hoje fatores decisivos.

A entrega ao domicílio mantém-se dominante, mas os cacifos (lockers) estão a crescer de forma consistente, associados a conveniência e perceção de menor custo. Curiosamente, a sustentabilidade é considerada — mas só depois do preço e da flexibilidade. O estudo mostra que, quando há escolha, a maioria continua a optar pela solução mais barata ou mais rápida, não necessariamente pela mais ecológica .

Devoluções: poucas, mas ainda sensíveis

Portugal continua a apresentar uma das taxas de devolução mais baixas da Europa. Apenas 8% dos consumidores devolveram a última compra. Ainda assim, o processo de devolução é visto como mais exigente do que a compra ou a entrega, e continua a funcionar como barreira psicológica à conversão.

Aqui, a mensagem é clara: simplificar devoluções não aumenta necessariamente custos — reduz abandono e desconfiança.

Redes sociais: inspiração primeiro, compra depois

As redes sociais estão completamente integradas na jornada digital. Quase todos os compradores online usam-nas semanalmente, sobretudo para procurar inspiração, comparar produtos e validar decisões. O Instagram lidera na inspiração; o Facebook ainda domina na compra direta, embora esteja a perder relevância; e o TikTok é o grande crescimento do ano .

Mais do que vender diretamente, as redes sociais funcionam hoje como filtro de credibilidade. Influenciadores, reviews e conteúdos gerados por utilizadores pesam cada vez mais na escolha do site onde se compra.

Compras internacionais e segunda mão: o preço manda

Os consumidores portugueses continuam a comprar mais em sites estrangeiros do que a média europeia, sobretudo em Espanha e na China. O motivo é inequívoco: preço mais baixo. A mesma lógica explica o crescimento das plataformas C2C e da compra em segunda mão, já utilizadas por dois terços dos compradores online em Portugal .

Geração Z: hiperconectada, mas financeiramente condicionada

A Geração Z portuguesa desafia alguns estereótipos. É totalmente digital, usa redes sociais diariamente e valoriza rapidez e clareza. No entanto, compra menos categorias e com menor frequência do que os consumidores regulares, sobretudo por dependência financeira — quase metade ainda vive com os pais.

Este público é altamente sensível à previsibilidade da entrega (a janela exata de uma hora é determinante) e adota naturalmente tecnologias como chatbots. Mas continua a comprar menos através das redes sociais do que os seus pares europeus .

O que este estudo ensina às lojas online

O Barómetro E-Shopper 2025 deixa uma conclusão inequívoca: o crescimento do e-commerce em Portugal será menos indulgente. O consumidor aceita o online como norma, mas já não aceita fricção, opacidade ou promessas vagas.

Para as lojas online, o desafio deixou de ser “estar presente” e passou a ser executar melhor: comunicar com clareza, justificar preços, oferecer opções reais de entrega, simplificar devoluções e integrar as redes sociais como parte da jornada — não apenas como canal de anúncios.

O futuro do e-commerce não será decidido por quem grita mais promoções, mas por quem respeita melhor o tempo, a inteligência e a expectativa do consumidor digital português.

Dimensão analisada Principais conclusões
Crescimento do e-commerce O número de compradores online e regulares continua a aumentar em Portugal, regressando aos níveis da pandemia (2021). A tendência segue a trajetória europeia, embora a frequência anual de compras se mantenha ligeiramente abaixo da média europeia.
Diversidade de compras Os compradores online regulares compram produtos mais diversos, com uma média de 5,6 categorias. Moda e beleza continuam a liderar como as categorias mais compradas.
Benefícios percebidos As compras online são valorizadas pela poupança de tempo e redução do stress, sendo cada vez mais reconhecida a importância da variedade de produtos disponíveis.
Importância do preço O preço mantém-se um fator determinante para o bom momento do e-commerce. Poupar dinheiro e encontrar boas ofertas são prioridades claras para os consumidores portugueses, enquanto as preocupações ambientais assumem, por agora, um papel secundário.
Novas expectativas Este crescimento traz novas exigências: os compradores consideram hoje um maior número de critérios na decisão de compra. Os métodos de pagamento, especialmente os digitais e os cartões de crédito, tornam-se cada vez mais relevantes.
Barreiras à compra As barreiras à compra apresentam uma ligeira redução, com uma média de 11,5, mas continuam acima da média europeia. Custos de entrega, devoluções e críticas negativas nas redes sociais permanecem obstáculos importantes.
Compras em segunda mão (C2C) As compras em segunda mão estão cada vez mais integradas na jornada de compra. 67% dos compradores online portugueses utilizam plataformas C2C, um aumento de 7 pontos percentuais face a 2023, impulsionado sobretudo pela acessibilidade.

Perguntas frequentes sobre o e-commerce em Portugal

O e-commerce está a crescer em Portugal em 2025?

Sim. O número de compradores online em Portugal voltou aos níveis registados durante a pandemia e acompanha a tendência de crescimento europeia. Os compradores regulares representam uma fatia cada vez maior do total e realizam compras com maior frequência anual.

Quais são os principais motivos para comprar online em Portugal?

Os consumidores portugueses compram online sobretudo para:

  • poupar tempo,
  • reduzir o stress associado às lojas físicas,
  • encontrar preços mais baixos,
  • aceder a uma maior variedade de produtos.

O preço continua a ser o fator mais determinante na decisão de compra.

Quais são as categorias mais compradas online em Portugal?

As categorias mais compradas pelos e-shoppers regulares são:

  1. Moda
  2. Beleza e saúde
  3. Calçado
  4. Livros
  5. Frescos e bebidas

Em média, cada comprador regular adquire produtos de 5,6 categorias diferentes.

Os consumidores portugueses estão satisfeitos com as compras online?

Sim. Cerca de 79% dos compradores estão satisfeitos com a última experiência de compra online. A maioria considera o processo simples e intuitivo, embora as expectativas estejam a aumentar, sobretudo no apoio ao cliente e na entrega.

O que os consumidores mais valorizam na entrega?

Os principais critérios de entrega são:

  • informação de tracking em tempo real,
  • possibilidade de escolher o local de entrega,
  • saber a janela exata de entrega (por exemplo, intervalo de 1 hora),
  • conhecer a empresa responsável pela entrega.

A entrega ao domicílio continua a ser a opção preferida, mas os lockers (cacifos) estão a crescer de forma consistente.

O preço é mais importante do que a sustentabilidade?

Sim. Embora os consumidores reconheçam a importância ambiental, quando têm de escolher, o preço e a conveniência prevalecem sobre opções de entrega mais sustentáveis. Esta tendência é mais forte em Portugal do que na média europeia.

As devoluções são um problema no e-commerce português?

Portugal tem uma das taxas de devolução mais baixas da Europa. Apenas cerca de 8% dos consumidores devolveram a última compra. No entanto, o processo de devolução continua a ser percecionado como mais exigente do que a compra ou a entrega, funcionando como barreira psicológica à conversão.

As redes sociais influenciam as compras online?

Sim. As redes sociais são parte integrante da jornada de compra:

  • cerca de 71% usam redes sociais para inspiração,
  • apenas 38% compram diretamente através dessas plataformas.

O Instagram lidera na inspiração, o Facebook ainda domina na compra direta e o TikTok é a plataforma com maior crescimento.

Os portugueses compram em sites estrangeiros?

Sim. Quase 3 em cada 4 compradores online portugueses já compraram em sites estrangeiros. Os principais países são Espanha e China. O principal motivo é encontrar preços mais baixos.

O que explica o crescimento das compras em segunda mão?

As plataformas C2C crescem sobretudo por razões económicas. Cerca de 67% dos compradores online portugueses já utilizam estas plataformas, motivados pela acessibilidade e poupança, mais do que por razões ambientais.

Como é o comportamento da Geração Z no e-commerce?

A Geração Z em Portugal:

  • é totalmente digital e usa redes sociais diariamente,
  • compra menos categorias e com menor frequência,
  • valoriza rapidez, clareza e previsibilidade,
  • considera fundamental saber a janela exata de entrega,
  • adota naturalmente chatbots e tecnologias de apoio.

A dependência financeira explica parte do seu menor volume de compras.

O que as lojas online devem fazer para responder a estas mudanças?

Para responder às expectativas do consumidor digital português, as lojas online devem:

  • ser transparentes nos preços e nos portes,
  • oferecer várias opções de entrega claras,
  • comunicar prazos de entrega realistas,
  • simplificar processos de devolução,
  • integrar redes sociais como fonte de confiança e não apenas como canal promocional,
  • investir em apoio ao cliente acessível e eficiente.
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